sexta-feira, 23 de junho de 2017

Jesus passou fazendo o bem

A Solenidade do Sagrado Coração de Jesus é de origem bastante recente na Liturgia. Sua festa foi estendida à Igreja universal por Pio IX, em 1856. Contudo, a devoção ao Sagrado Coração de Jesus, com comemorações locais e regionais, já provém de tempos mais remotos. São Bernardo e São Boaventura apresentam, em seus escritos, profundas considerações sobre o amor de Deus manifestado em Cristo Jesus, sobretudo em sua sagrada Paixão. O realce dado à humanidade de Jesus Cristo fez brotar a devoção ao seu Coração sagrado, símbolo do amor de Deus transformado em amor humano. A devoção como tal tem início nos fins do século XIII e inícios do século XIV, sobretudo, em regiões da França e da Alemanha. Sua festa começou a ser celebrada a partir do século XVI, sobretudo na França.
Podemos nos perguntar: Afinal, qual o mistério de Cristo celebrado nesta solenidade? Diria que a Igreja celebra a Jesus Cristo, que passou por este mundo fazendo o bem (cf. At 10,38), o amor de Deus que se encarnou em Jesus Cristo. Por isso, não devemos concentrar-nos sobre um só fato ou uma só ação de Jesus Cristo. Será preciso recolher todas as manifestações de amor de Jesus Cristo.
Estes gestos de amor, as ações de Jesus repletas de amor e de misericórdia, simbolizados por seu Coração, podemos reconhecê-los na abundância de tex­tos bíblicos apresentados na solenidade do Sagrado Coração de Jesus no ciclo dos três anos.
No Ano A, temos o evangelho dos mistérios do Reino revelados aos pe­queninos, onde Jesus termina dizendo: “Vinde a mim todos vós, fatigados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei. Tomai sobre os ombros meu jugo e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração, e achareis descanso para vossas almas. Pois meu jugo é suave e o meu peso é leve” (cf. Mt 11,28-30). A primeira leitura mostra como Deus ama a humanidade: “O Senhor vos escolheu e vos ama” (cf. Dt 7,6-11). Deus é amor e comunica esse amor à humanidade. Deus nos amou primeiro. Este amor de Deus para com a humanidade manifesta-se, sobretudo, em Ele ter enviado seu Filho a fim de que vivamos por Ele (cf. 2a leit., 1Jo 4,7-16).
No Ano B, este amor de Deus em Jesus Cristo é revelado pelo evangelho que narra como o lado de Cristo foi transpassado pela lança, jorrando sangue e água (cf. Jo 19,31-37). Amor que se manifesta até a morte e morte de cruz. Ele que dissera: “Quando for levantado da terra, atrairei todas as coisas a mim” (Jo 12,14). Amor até ao fim, até o extremo, até dar a vida por todos. Na pri­meira leitura, este amor de Deus para com a humanidade, manifestado em Cristo Jesus, é comparado com o amor de um pai, cujo coração se comove (cf. Os 11,1.3-4.8c-9). São Paulo nos diz que este amor de Cristo excede a todo o conhecimento (cf. 2a leit., Ef 3,8-12.14-19).
No Ano C, o amor de Jesus Cristo é apresentado sob a figura do bom pas­tor, que vai em busca da ovelha perdida e se alegra com seus amigos por tê-la encontrado (cf. Ev., Lc 15,3-7; cf. também la leit., Ez 34,11-16). É o pastor que dá a vida por suas ovelhas: “Deus demonstra seu amor para conosco pelo fato de Cristo ter morrido por nós” (cf. 2a leit., Rm 5,5-11).
Deus nos amou primeiro e manifestou esse seu amor enviando seu Filho ao mundo. O amor de Deus assumiu uma expressão humana. Jesus acolhe as pessoas, tem misericórdia, perdoa, liberta das enfermidades e dos espíritos maus, mata a fome das multidões famintas, garante sua presença na história dos seres humanos por sua Palavra, pelo envio do Espírito Santo para levar à plenitude a sua obra e por sua presença concretizada no testemunho de amor dos seus discípulos. Deixa uma maneira toda especial de continuar como sinal visível do seu amor no mundo pela presença eucarística.
Este amor de Deus manifestado em Cristo, que exige uma resposta de amor, é o mistério celebrado na solenidade do Sagrado Coração de Jesus.
Ela é, de certo modo, um desdobramento do mistério celebrado na Sex­ta-feira Santa. Colocada no início do Tempo comum, após o Ciclo pascal, convida toda a Igreja a atualizar o mistério pascal de Cristo pela vivência do amor, a exemplo do amor do próprio Cristo Jesus.

Bibliografia: “O ano litúrgico” (p.167-168).
fonte: www.itf.org.br

Nenhum comentário:

Postar um comentário